terça-feira, 31 de agosto de 2010

pingos

gotinhas bentas
gotinhas lentas
gotinhas leves
gotinhas inhas

gota serena
gota de sonho e contentamento
rimas não vem, mas continuo a poetar.

os homens se molham e as gotinhas morrem.
tão singelas e capazes de dar prazer

gotinhas, não parem de suicidar-se por mim
a seiva da tua existência
me faz existir

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Eu sou o poder de quem não me pode fazer superior.
Eu sou gente vil em beira de rio fundo sem saber nadar.
A pedra puxa para baixo d'água sem pensar.
Com chumbo imóvel e irrestivel encho meus olhos sonhadores.

Definhando a mosca
tenta
viver em cima
da merda.
e a mosca é feliz!
.................sou um monte de elementos escatológicos.
detetizem-me!
.................fazer sofrer, fazer choro.
atirem-me!
louco vagabundo com vontade de morrer.
socos, chutes, pontapés no sentimento.
.................pára, não quero entrar na rotina da vida.
minha vida em tuas mãos, minha vida teu escudo,
minha vida! apenas minha vida.
coração, caoração, se soubesses que não fazes parte do amor, dirias que minto.
...................
quero, quero, quero, que diabos! quero o quisto!
apertem minhas emoções até que se esprema o supremo sumo da morte.
Assim, talvez, a vida sorria com dentes de leite.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ego et litterae


Sedento escrevo minhas tristes palavras, verdadeiras companheiras.
Durante o dia cheio de luz
O escuro do fundo de mim permanece inabitável.
O sangue que corre e lateja no palpitante órgão se esvai em gelosos
pressentimentos.
Essa noite um anjo bateu-me a porta propondo uma noite flutuante:
os segredos orgasmáticos dos céus talvez fizessem esquecer minhas companheiras e
enveredar-me-ia por outras emoções que pudessem me fazer sofrer menos.
Para que? Se ao menos as emoções estivessem ao meu
lado em noites de solidão.
Minhas pobres palavras estão aqui
Prontas para serem escritas, jogadas, surradas, acariciadas.
Queria o amor com o companheirismo das palavras.

Carin

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mantrificado

Choro por que sei o quanto fui impiedoso e imaturo. Choro por que sei que o amor que me ofereces
é incomensurável: me alimenta, me dá vida... quero esse amor como quem precisa do sangue.
O poeta arranca-me suspiros quando pinta meu rosto com palavras
Mas aquele que se esconde por trás dele representa o eu que me foge.

Olha-me como quem olha um desgraçado.
Beija-me como quem beija teu ego.
Ama-me como a quem um dia amou.
Escarnece naquele que te deixou tamanha dívida.
Sobretudo ama-me.

Carin (23 ago 2010)

Eu réu

Quero que a justiça dos meus erros seja feita.
Que venha o sofrimento com suas lanças afiadas,
e envenenadas, atravesse esse peito imperador.
Quero sentir a dor exorcizante da culpa em punhaladas ferozes capazes de  deixar-me a beira da existencia.

Só quero que ao longe um lindo sorriso se abra
e em doce voz e braços quentes me acolhas.

Carin
O homem. A obra mais imperfeita de deus.
Um sistema em fase de teste tendo como placa mãe
o amor.

Carin (08 ago 2010)